FECHAMENTO DAS ESCOLAS PRIMÁRIAS DO MST NO RIO GRANDE DO SUL
Pasmem que o Ministério Público do Estado do Rio Grande do Sul que deveria funcionar como o “advogado do povo”, aliou-se ao Governo do PSDB sul-riograndense para retaliar o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra. E estão atacando na base educacional, criada e conduzida pelo próprio movimento, que são as Escolas Itinerantes. Sistema educacional este criado e regulamentado há mais de uma década e também premiado em 1995 (“Por uma escola de qualidade no campo”) e 1999 ( Prêmio Itaú-Unicef - “Por uma educação básica no campo”). Uma forma além de legítima, legal, pois teve a chancela do Conselho Estadual de Educação (RS) como deveriam aplaudir os burocratas de plantão do capitalismo brazuca.
Ao invés do aplauso desse senhores temos uma ação conjunta que vem para exterminar as escolas itinerantes, jogando as crianças para o sistema oficial em escolas que fiquem mais próximas aos acampamentos dos agricultores.
Em que pese uma velada preocupação do Ministério Público com a qualidade da educação recebida pelas crianças nas escolas itinerantes, percebe-se numa entrevista do Procurador (autor da ação contra o MST) Gilberto Thums um ataque frontal de um liberal convicto à movimento social de tendência socialista mas não exatamente assim. Na entrevista o Procurador de Justiça fala que as escolas fazem “lavagem cerebral para passar teorias marxistas... os estudantes recebem uma educação alienante”; diz ainda que as escolas usam tributos públicos para condicionar as crianças a serem radicais de esquerda; afirma ainda literalmente na entrevista que “...temos de orientar as crianças sobre a possibilidade de se integrarem ao mundo em que está aí, ao mundo produtivo. O MST quer implantar uma sociedade socialista”. Afirma o nobre magistrado.
Analisando pelo lado jurídico, a quem os pais dessas crianças deveriam recorrer para evitar o fechamento de suas escolas? Ao Ministério Público, o advogado do povo. Mas como? Se o próprio Ministério age contra a quem ele deveria defender.
Entende-se aqui que o Ministério Público faz as vezes de Procuradoria do Estado, que é o “advogado” do governo de plantão. Usando como capa e máscara uma aludida proteção aos direitos do contribuinte. Será que o representante do MP, Gilberto Thums, e a governadora, Yeda Crusius, fizeram essa defesa do contribuinte no caso do comércio dos transgênicos? Das lavouras cladestinas de soja transgênica? Dos alimentos envenenados por agrotóxicos? No caso do afogamento da exuberante Floresta de Araucária no rio Pelotas (crime ambiental da Hidroelétrica de Barra Grande)?
Duvida-se mesmo que tenham tomado esse tipo de atitude, pois tratam-se de pessoas que são legítimos representantes de seus donos, quais sejam os proprietários de grande parte do capital nacional (que aliás não tem nação). Servem a antigos donos que, no caso do Brasil, vem desde as Capitanias chegando hoje às Associações Ruralistas, Federação de Industriais e Federação de Banqueiros.
Quer o Sr. Thums que nós todos, através do castigo colocado ao MST, nos dobremos a sua vontade de “adaptarmo-nos ao mundo produtivo”. Quer o digníssimo representante dos Ruralistas e Banqueiros que não lutemos por uma sociedade de tendência comunista, e aqui falo do PSOL. Partido político com essa tendência e com a vontade de revolucionar a sociedade. Julgamos que, se o MST, está agindo nessa tendência, tem nosso total e irrestrito apoio. Gostaríamos até que, essas transformações, fossem por meios pacíficos, dentro da Lei. Mas a Lei serve aos senhores dos quais é defensor o Procurador de Justiça do MP sul-riograndese, ou seja, os donos do capital e do poder político. E esses proprietários do capital e dos meios de produção não irão “largar o osso” assim no mais. A história da humanidade é repleta de capítulos empreendidos contra quem quer que se rebelasse contra esse sistema opressor e explorador de nossa mão de obra. Nossa história é pontuada de um sem número de perseguições àqueles de tendência comunista ou incipientes lutadores por liberdades democráticas.
Queremos aqui nesse pequeno manifesto deixar nosso repúdio aos representantes do Ministério Público do Rio Grande do Sul e ao Governo Estadual do PSDB que dá mostra do modo de perseguição que o Capital emprega contra seus críticos.
Queremos também manifestar, principalmente, nosso integral e irrestrito apoio ao bravo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), por sua luta pela Reforma Agrária, por sua resistência contra os donos do poder e do dinheiro.
Vamos lutar juntos porque a tua luta também é a nossa.
24 de fevereiro de 2009.
Diretório Municipal do Partido Socialismo e Liberdade
Londrina, Paraná.